quinta-feira, 19 de março de 2009

Muita atenção ao nível das águas


Conhecemos na viagem a Holanda, o Maeslant Kering, em Hook van Holland, próxima a Roterdã. Um dique móvel que os holandeses consideram sua maior obra de engenharia contemporânea. É único no mundo.

São duas estruturas imensas, dois braços de 350 metros de comprimento ao todo, dispostos frontalmente, nas margens do rio Reno. A função é criar uma barreira artificial para conter o avanço das águas do mar do Norte, caso subam a mais de três metros de sua normalidade.

Isto seria suficiente para inundar mais da metade do território do país, já que 33% estão a menos de um metro do nível do mar. Há regiões, inclusive, abaixo dele. É necessário monitorar de perto o mar do Norte.


Foram investidos 10 anos de estudos para a concepção do Maeslant Kering e outros seis anos para sua construção, num investimento de 505 milhões de euros. Desde sua conclusão, em 1996, nunca houve necessidade de usá-lo, embora simulações sejam feitas uma vez por ano. Os holandeses não se cansam de lembrar da devastadora inundação de 1953, quando um terço do país foi destruído.
Acesse o link do vídeo que mostra o funcionamento do dique móvel.


quarta-feira, 18 de março de 2009

Elogios à economia holandesa

No ranking da União Europeia de países que cumprem as chamadas Metas de Lisboa, a Holanda pulou do sexto para o terceiro lugar, logo abaixo da Polônia e da líder, a Finlândia, segundo relatou a agência especializada em economia, Bloomberg, no início desta semana.
A lista de Lisboa é baseada em indicadores tais como crescimento econômico e de produtividade, emprego, investimento e finanças públicas. No ano 2000, os membros da UE concordaram em tentar ser a economia do conhecimento mais competitiva do mundo até 2010.
A Holanda também é a terceira em outra lista, do FMI, diz o jornal holandês De Pers. Numa interpretação positiva, os holandeses estão listados como o terceiro país em generosidade, tendo providenciado garantias governamentais para empréstimos de banco e depósitos que somam 33% do PIB, ou 200 bilhões de euros. A Irlanda e a Suécia são os números um e dois. Numa interpretação negativa desses números o ministro de finanças da Holanda, Wouter Bos, está tomando relativamente, bastantes riscos, diz o diário holandês De Pers.
Acesse o link e ouça a reportagem da Rádio Nederland (RNW )
http://download.omroep.nl/rnw/smac/cms/economia_holanda_20090312_44_1kHz.mp3

Revisão dos diques

A comissão designada para avaliar a segurança das proteções recomendou um upgrade em grande escala dos diques de proteção, a partir do Mar do Norte.
Além disso, propôs a expansão do litoral do Mar do Norte por um quilômetro, pela deposição de grandes quantidades de areia - um projeto para o qual seriam necesários mais 100 a 300 milhões de euros.

Em razão da previsão da elevação do nível do mar entre 0,65 e 1,3 metros até 2.100 e de até quatro metros até 2.200, a comissão disse que as chances de alagamento são multiplicadas 100 vezes para cada 1,3 metro de elevação do nível do mar.

Holanda se prepara para a elevação do nível do mar


A Holanda deve gastar mais de 100 bilhões de euros (R$ 248 bilhões) para preparar diques e proteções costeiras contra a elevação do nível do mar, em razão do aquecimento global.O país, quase dois terços do qual se situa abaixo do nível do mar, deve gastar até 1,5 bilhões de euros (R$ 3,71 bilhões) por ano, ao longo do próximo século, para preparar medidas adicionais de segurança de diques e proteções.

O primeiro-ministro, Jan Peter Balkenende, recentemente declarou que: “O desafio de segurança é urgente: o clima está mudando, o nível do mar está subindo e, por agora, um quarto de diques e barragens, não cumprem as atuais normas de segurança”.
Ele disse que “um montante suplementar entre um e 1,5 bilhões de euros por ano é necessário até 2100.” O valor representa cerca de 0,3% PIB.

Os sanitários dos banheiros na Holanda

Nos banheiros masculinos, é possível notar um
pontinho preto no fundo. Uma melhor observação permite perceber tratar-se de uma mosca. A primeira impressão é de que o inseto é real, sendo tentador mirar nele o jato de urina para, só então, ver que a mosca é pintada. Isto mesmo!

Acreditem. Os vasos sanitários na Holanda vêm com uma mosca pintada no fundo! A razão é simples: induzindo as pessoas a urinarem naquele ponto, as chances de respingar fora do vaso tornam-se menores, preservando a higiene e

economizando água no momento da limpeza.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Holanda rejeita o protecionismo, diz primeiro-ministro

Reportagem de Francisco Goés, do Jornal Valor Econômico
Em meio à crise econômica mundial que empurrou a Europa para a recessão, uma comitiva formada pelos presidentes das 12 maiores empresas holandesas esteve no Brasil nesta semana em busca de oportunidades de negócios e cooperação.


A missão foi chefiada pelo primeiro-ministro da Holanda, Jan Peter Balkenende, que manteve um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois conversaram sobre a crise com vistas à reunião de cúpula do G-20 financeiro, em abril, em Londres.


Em entrevista ao Valor por e-mail, Balkenende criticou a adoção de medidas protecionistas que prejudicam o livre comércio e defendeu a conclusão das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). "A Holanda exortará a comunidade internacional a pronunciar-se enfaticamente sobre essa questão na reunião do G-20", disse Balkenende.


Político jovem (52 anos), Balkenende tem larga experiência administrativa. Está em seu quarto governo como primeiro-ministro. Antes do Carnaval, quando o Valor visitou a Holanda, o governo de Balkenende divulgou novas previsões sobre a economia para 2009.


Este pequeno país mercante, com população de 16,6 milhões de habitantes, não fora tão afetado quando a crise começou. Mas teve de rever para pior as projeções macroeconômicas para este ano, quando o PIB deve cair 3,5% em relação a 2008. "Estou preocupado com as dificuldades que estamos enfrentando, mas não estou de maneira alguma desencorajado." A seguir, a íntegra da entrevista.

Valor: Em 1998, Brasil e Holanda assinaram um acordo de Promoção e Proteção de Investimentos, que ainda não foi ratificado pelo Congresso brasileiro. Esse ainda é um tema de interesse da Holanda na relação bilateral com o Brasil?


Balkenende: Sim, a Holanda continua interessada nesse acordo com o Brasil e já o ratificou. O Brasil decidiu, em 2002, suspender a ratificação de acordos dessa natureza com outros países. Nós esperamos, no entanto, que o Brasil decida reconsiderar essa decisão em algum momento, porque um acordo desse tipo seria bom para investimentos em nossos países.

Valor: Segundo dados do Banco Central brasileiro, a Holanda é um dos maiores investidores estrangeiros no Brasil. Essa situação deve manter-se com a atual crise?


Balkenende: Por anos, o Brasil tem sido o destino primário na América Latina para as nossas exportações e a Holanda é o maior importador de produtos brasileiros na Europa. A Holanda foi também o primeiro investidor estrangeiro no Brasil em 2007. Por isso nossos países têm conexões financeiras e econômicas muito próximas e eu não vejo mudanças no futuro próximo. Existem oportunidades de investimento em muitos setores no Brasil, especialmente em energia, portos e logística.


Valor: O Brasil tem se esforçado em criar um mercado mundial para os biocombustíveis. O etanol pode ser uma alternativa ao petróleo tanto para países em desenvolvimento quanto para os desenvolvidos no futuro próximo?

Balkenende: O etanol pode ser um importante componente de nosso futuro sustentável. A União Europeia decidiu que em 2020 pelo menos 10% do combustível consumido pela indústria de transporte europeia deve vir de fontes renováveis e os biocombustíveis suprirão a maior parte dessa demanda. Esse desenvolvimento é de grande interesse para a Holanda e o Brasil. Roterdã já é o principal distribuidor e o maior porto de biocombustíveis, ou "bioporto", na Europa. Somente os biocombustíveis produzidos por métodos sustentáveis serão considerados válidos no cumprimento da meta europeia. Por isso é de interesse do Brasil assegurar que os biocombustíveis importados pela União Europeia sigam os critérios de sustentabilidade agora em vigor. A Holanda está profundamente interessada em ajudar a tornar a produção ainda mais sustentável. Temos discutido esse assunto desde a visita oficial do presidente Lula à Holanda e estamos tentando encontrar soluções práticas.


Valor: O comércio bilateral Brasil-Holanda é crescente e alcançou quase US$ 12 bilhões em 2008. O saldo comercial também tem crescido muito a favor do Brasil. O déficit preocupa? É possível buscar um comércio mais equilibrado?

Balkenende: A Holanda não tenta equilibrar o comércio com países individualmente. A balança comercial (holandesa) mostra, no total, um saudável superávit e isso é o mais importante. O fato de que o Brasil exporta muito para a Holanda prova nossa força como um centro de distribuição na Europa, porque grande parte dessas exportações toma seu caminho para outros países no continente.


Valor: A Holanda tem uma longa tradição em comércio internacional. Como a crise econômica afetou as exportações e quais são as expectativas para as exportações e as importações em 2009?

Balkenende: O comércio global é e continuará a ser vital para nossa aberta economia. Uma queda dramática no volume global de comércio afetará fortemente nossas exportações. Em 2009, prevemos decréscimo de quase 12% nas exportações e um declínio de mais de 9% nas importações. Isso certamente terá um importante impacto na economia holandesa.


Valor: Quais são as previsões para os principais indicadores econômicos na Holanda em 2009? Que impactos a crise econômica tem sobre o país em termos de PIB, produção industrial e desemprego?

Balkenende: A economia holandesa estava em boa forma quando a crise começou: baixo desemprego, aumento do poder de compra e vários anos de superávit no orçamento. Mas como outros países, a Holanda enfrenta agora tempos difíceis. As mais recentes estimativas preveem queda de 3,5% no PIB para 2009, sobretudo devido à queda das exportações, de quase 12%, e dos investimentos, acima de 11%. Menores gastos deverão reduzir a produção em 5,5% em 2009 e em 0,75% em 2010, resultando em aumento do desemprego para 5,5% em 2009 e 8,75% em 2010. Neste momento, nenhuma melhoria real é prevista para 2010. Estou preocupado com as dificuldades que estamos enfrentando, mas não estou de maneira alguma desencorajado. No passado, meu país sempre conseguiu emergir forte e vigoroso das crises devido aos esforços conjuntos de empregadores, governo e sindicatos. Eu tenho muita confiança que a "Laranja Mecânica" fará o que for preciso ser feito nesta época também.


Valor: A crise trouxe com ela novas ameaças de protecionismo. Qual é a posição da Holanda sobre esse tema em fóruns como a Organização Mundial do Comércio?

Balkenende: A Holanda sempre foi uma fervorosa defensora do livre comércio. Na atual situação, uma recuperação econômica duradoura depende da recuperação do comércio mundial, não somente para nações comerciais como a Holanda, mas para outros países também. Eu me oponho fortemente a adotar medidas protecionistas neste momento. Se cada um se voltar para dentro, todos vamos perder no final. Por isso é vital, agora, levar finalmente as negociações da OMC a uma conclusão bem-sucedida. Esse é um tema que o presidente Lula e eu vamos discutir amplamente e sobre o qual, estou seguro, concordamos. A Holanda exortará a comunidade internacional a pronunciar-se enfaticamente sobre essa questão na reunião de cúpula do G-20.

Valor: O senhor está preocupado com o retorno do nacionalismo econômico? Acredita que essa é uma séria ameaça à economia mundial?


Balkenende: Evidentemente, líderes governamentais estão sob tremenda pressão para que protejam seus interesses nacionais. A perda de postos de trabalho é uma questão muito grave em todos os países. Mas a maneira de resolver esse problema é via mais comércio internacional, não menos. Sou um otimista por natureza e acredito que esta crise pode criar oportunidades para os que trabalharem em conjunto internacionalmente. Isso não é um idealismo ingênuo: basta olhar como os países da Europa trabalharam juntos nas questões de garantias de crédito e injeções de capital para evitar falências bancárias e rapidamente acordaram que a supervisão do setor financeiro precisa ser melhorada. Acredito ser absolutamente essencial, para nós, mantermos essa abordagem coordenada na Europa e em todo o mundo. As negociações em curso no contexto do G-20 têm reforçado minha convicção de que isso é possível. Temos uma obrigação para com as futuras gerações. Não podemos nos permitir sacrificar objetivos internacionais importantes como as Metas de Desenvolvimento do Milênio (das Nações Unidas), uma regulação financeira efetiva e a luta contra o aquecimento global em função de grosseiro protecionismo.

Valor: A Grã-Bretanha, França e outros países apoiam a integração do Brasil ao Fórum de Estabilidade Financeira (FEF), grupo das principais autoridades financeiras que avalia risco de bancos e mercados. A Holanda também apoia essa iniciativa e por quê?


Balkenende: A Holanda apoia o acesso do Brasil ao FEF. O Brasil é um importante mercado emergente e sua importância econômico e financeira mundial vem crescendo. Além disso, a América Latina não tem atualmente representação no FEF.

Valor: E o que dizer sobre uma melhor divisão do poder no Fundo Monetário Internacional (FMI) para os países emergentes? A Holanda está pronta a aceitar a redução de sua influência no FMI e em outras organizações financeiras?


Balkenende: No G-20 a Holanda pressiona por uma expansão no papel do FMI no sentido de salvaguardar a estabilidade financeira global. Em nossa opinião, o FMI é a instituição mais bem posicionada para arcar com essa responsabilidade. Seria proveitoso que os programas de avaliação do setor financeiro (FSAP) fossem obrigatórios. Nós também precisamos conceber maneiras mais eficazes para melhorar o cumprimento das recomendações do FMI. Nesse contexto, estou convencido de que aumentar a representação de países emergentes no FMI não produzirá, necessariamente, desvantagem para outros países. Todos seriam beneficiados.

Valor: Há economistas que acreditam que investir em infraestrutura é uma forma de sair da crise. Qual é a sua opinião?


Balkenende: Precisamos assegurar que as medidas que tomarmos em resposta à crise serão positivas a curto prazo, mas também nos tornarão estruturalmente mais fortes a longo prazo. Do contrário, estaremos jogando dinheiro em um poço sem fundo e repassando os custos às gerações futuras. Devemos nos comprometer em perseguir sustentabilidade e a inovações. E realizar investimentos focados nas necessidades de manutenção do motor da economia. Investimentos em infraestrutura podem ser muito úteis a esse respeito. Na Holanda, autoridades locais estão acelerando projetos envolvendo escolas e estradas. Investimentos como esses criam emprego hoje e melhoram a educação e a mobilidade futuras.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um terminal fantasma em Roterdã

Tivemos várias surpresas interessantes ao visitar o porto. Uma delas foi uma visita a um terminal conhecido como Ghost Terminal, ou Terminal Fantasma. Ele é assim chamado porque não há motoristas dirigindo caminhões nem operadores manobrando empilhadeiras -- tudo é informatizado e controlado por uma torre.

Depois de percorrer outras instalações, percebe-se que Roterdã é mais do que um complexo portuário. É quase uma cidade (um lugar bem planejado e organizado) que, entre outras atividades, faz transporte de cargas. Assista o vídeo abaixo.

Hidrovias são oportunidades de crescimento que desenham o futuro gaúcho, diz Yeda


Ao receber uma comitiva holandesa composta pelo ministro dos Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água, Camiel Eurlings e por cerca de 50 empresários, nesta terça-feira (3), no Palácio Piratini, a governadora Yeda Crusius afirmou que a construção de um plano mestre para as hidrovias gaúchas vai tornar menos poluente, mais barata e segura a matriz gaúcha de transporte. "As hidrovias são oportunidades de crescimento que desenham o futuro do Rio Grande do Sul. Queremos um padrão de desenvolvimento com menos custos", disse.



A vinda da missão holandesa ao Estado deu continuidade ao acordo de cooperação técnica realizado entre o governo do Estado e a Holanda, no ano passado, para o desenvolvimento do setor hidroportuário do Rio Grande do Sul. De acordo com a governadora, o próximo passo do acordo se dará quando todos os documentos estiverem prontos para a contratação do plano mestre às hidrovias. "Só falta assinar o contrato para apresentar a toda a sociedade a proposta de um plano que vai se desdobrar em investimentos regionais e setoriais", frisou.



Em sua visita ao Estado, o ministro Camiel Eurlings salientou o potencial de expansão do setor hidroviário gaúcho. "É necessário migrar para uma outra alternativa de crescimento, e o uso das hidrovias demonstra segurança de que o Rio Grande do Sul poderá, até 2017, chegar a ter 15% da matriz de transporte por esse modal, que é mais limpo, eficiente, barato e seguro", afirmou. Eurlings enfatizou ainda que as empresas representadas na missão oficial atestaram a enorme quantidade de negócios que podem ser gerados nas hidrovias a partir da vontade política dos governos gaúcho e holandês.


Para o ministro, o transporte fluvial é condição básica para que o Estado possa crescer em volume de cargas. Citou o exemplo holandês, que hoje transporta 35% do volume pelas hidrovias, com meta de atingir 45%. "Se não houvesse esse sistema, a Holanda estaria completamente parada e congestionada, sem nenhuma possibilidade de fazer o fluxo de transporte acontecer de forma consistente", exemplificou. De acordo com o ministro, o Rio Grande do Sul está dando a largada de uma posição inicial muito mais favorável que a de seu país, por possuir maior hidrovia e espaço para crescimento.



Conforme o secretário de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, com o acordo de cooperação técnica, o Rio Grande do Sul vai recuperar o transporte de cargas por hidrovia. "A meta é aumentar a utilização do transporte fluvial para evitar um colapso rodoviário, sobretudo no trecho Sul da BR-116 e na BR-392, entre Pelotas e Rio Grande", afirmou. "A Holanda tem muito a nos ajudar, pois é a porta de entrada da Europa e tem 450 anos de experiência em navegação interior".

Ministro da Holanda destaca potencial hidroportuário do Rio Grande do Sul

O ministro dos Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água da Holanda, Camiel Eurlings, acompanhado de cerca de 50 investidores daquele país, iniciou, nesta terça-feira (3), missão governamental e empresarial no Rio Grande do Sul.

Durante visita ao Porto de Rio Grande, o ministro destacou a grande potencialidade de crescimento do porto em razão das áreas livres existentes ao redor. Eurlins sobrevoou o local e esteve acompanhado dos secretários de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, e Geral de Governo, Erik Camarano.No final do dia o ministro foi recebido pela governadora Yeda Crusius.

Assista a reportagem
http://mmidia4.procergs.com.br/tvpiratini/MissaoHolandesaRS.wmv

terça-feira, 3 de março de 2009

RS e Holanda tratam de cooperação ao setor hidroportuário

O ministro dos Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água da Holanda, Camiel Eurlings, acompanhado de cerca de 50 investidores daquele país, iniciou, nesta terça-feira (3), missão governamental e empresarial no Rio Grande do Sul. A comitiva, que busca a prospecção de negócios no Estado, foi recepcionada pelos secretários de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, e Geral de Governo, Erik Camarano.

Entre outras ações, a vinda da missão dá continuidade ao acordo de cooperação técnica realizado entre o governo do Estado e a Holanda, no ano passado, para o desenvolvimento do setor hidroportuário do Rio Grande do Sul. A programação desta terça-feira começou com uma visita ao Porto de Rio Grande, com passagem da comitiva pelo Terminal de Contêineres (Tecon) e pelo dique seco, em fase de ampliação pela empresa WTorre.

À noite, o grupo será recebido pela governadora Yeda Crusius no Palácio Piratini. Em agosto de 2008, uma delegação gaúcha liderada pela governadora foi à Holanda para conhecer o sistema hidroportuário holandês, considerado um dos mais avançados do mundo, e buscar cooperação para melhor aproveitamento do potencial hidroviário do Rio Grande do Sul, composto por aproximadamente 900 quilômetros de vias fluviais prontas para navegação. Na visita, a governadora assinou, com o ministro Eurlings, uma Carta de Intenções estabelecendo os termos da cooperação bilateral entre o governo do Estado do Rio Grande do Sul e o governo holandês.

Como resultado dessa visita, os consultores holandeses Wim Ruijgh e Harrie de Leijer fizeram duas missões técnicas ao Estado, em setembro e dezembro de 2008, para detalhar o diagnóstico e as proposições para o desenvolvimento do setor hidroviário. A retomada do transporte fluvial de cargas possibilita redução de custos e mais segurança, em razão do desafogamento das estradas.




Holandeses prospectam negócios no RS

Reportagem publicada no Jornal Zero Hora/RBS de hoje (03/03/2009)
Um grupo de 50 empresários holandeses estará hoje no Estado para prospectar negócios nas áreas de logística e transporte. Participa da missão o ministro de Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água do país, Camiel Eurlings.– Uma missão desse porte indica que foi feita uma avaliação positiva do Estado e do nosso potencial de geração de negócios – afirma Erik Camarano, secretário-geral de Governo.Na manhã de hoje, a missão será dividida em dois grupos.
O ministro Eurlings segue com um grupo de empresários para Rio Grande. Na cidade, visitarão o Terminal de Contêineres (Tecon) e as obras do dique seco construídos pela WTorre. Os empresários holandeses querem conhecer a potencialidade do empreendimento para a indústria naval.Enquanto o ministro conhece Rio Grande, haverá um seminário na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) sobre a potencialidade dos setores de logística e transporte. Serão realizadas palestras e rodadas de negócios com quatro empresas holandesas do segmento de desenvolvimento portuário.
Com a visita dos holandeses, o Estado também conhecerá mais detalhes do diagnóstico realizado por técnicos apontando melhorias que precisam ser feitas no sistema hidroportuário gaúcho para torná-lo competitivo e atrair mais usuários.Para dar prosseguimento ao estudo, o governo do Estado está em fase de contratação de consultoria conduzida pelas agências Amports (do porto de Amsterdã) e Nea. Carta de intenções para a consultoria foi assinada pela governadora Yeda Crusius em Amsterdã, em agosto passado.– Há potencial para a navegação interior – diz o secretário de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade. – Mas temos 50 anos de abandono no sistema hidroviário.
O plano diretor, como define Andrade, deverá apresentar melhorias que devem ser feitas. Inicialmente, não deve haver grandes desembolsos, já que os holandeses entendem que se deve trabalhar com as condições – naturais e de infraestrutura – disponíveis.Uma das primeiras medidas seria a formação de uma força-tarefa, algo como uma mesa redonda, para reunir fabricantes, embarcadores, operadores de portos e usuários do sistema, com o governo como mediador.
Nesse encontro cada um apontaria suas necessidades e o que esperam de um sistema hidroviário.– Mudanças profundas precisam ser feitas de maneira sincronizada – afirma o secretário.Eclusas e calados mais profundos não foram considerados prioritários.

O exemplo da Holanda, por Yeda Crusius,Governadora RS

Hoje, estamos recebendo importante missão formada por dezenas de empresários holandeses, comandada pelo ministro de Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água, Camiel Eurlings. Sua pasta responde por mais de 50% do PIB holandês, com especial destaque para o desenvolvimento portuário e suas moderníssimas tecnologias.

Vêm a convite e atraídos pelas potencialidades do Estado e por nossa disposição de formar parcerias público-privadas para promover uma reversão em nossos fluxos de carga, aumentando para 15% o uso da malha hidroviária até 2017. O Rio Grande clama por essa modernização, através da qual poderemos gerar grandes benefícios para o desenvolvimento estadual.

O exemplo da Holanda motiva o mundo para o aproveitamento das águas em todo o seu potencial.Há quatro décadas, o Rio Grande do Sul interrompeu o aproveitamento de suas águas superficiais interiores. Nosso governo foi buscar, no exemplo e na experiência holandesa, conhecimento, tecnologia e inspiração para o desenvolvimento hidroportuário do Estado e o melhor uso múltiplo das águas.

Nossos contatos iniciaram-se em agosto de 2007, e duas missões gaúchas foram à Holanda. Em agosto de 2008, assinei com o ministro, na Holanda, o termo de cooperação que já está produzindo seus resultados, com os trabalhos de técnicos holandeses que fizeram um diagnóstico sobre o potencial do transporte hidroviário no Estado.

Na primeira metade do século passado, num período de 20 anos, foram construídas quatro barragens de navegação, dotadas de eclusas, para estender a navegabilidade dos rios Jacuí e Taquari. Temos as barragens de Fandango, Anel de Dom Marco, Amarópolis e Bom Retiro do Sul e o entroncamento multimodal de Estrela.Gradualmente, porém, as hidrovias perderam espaço para o transporte rodoviário e hoje respondem por apenas 3,5% do volume transportado.

Essa relação, que concentra nas estradas 85% dos 90 milhões de toneladas que circulam no Estado, impede-nos de obter ganhos de competitividade proporcionados pela natureza. O transporte hidroviário custa menos da metade do transporte rodoviário!Nosso sistema de hidrovias naturais – a segunda maior bacia hidrográfica do país – é um patrimônio invejável, com grande penetração no território estadual e em suas regiões de produção.

Agora é a hora de desenvolver, de modo sustentável, todo o potencial que esse patrimônio fluvial nos traz. Damos as boas-vindas à missão holandesa a nosso Estado, para concretizarmos o plano que tornará esse avanço possível.


segunda-feira, 2 de março de 2009

Estradas impecáveis

A caminho do porto de Roterdã, descubro que para que o barulho dos carros não incomode, em alguns pontos da autoestrada,há, junto aos guard rails, placas plásticas com cerca de cinco metros de altura, que formam uma espécie de muro. A redução do ruído chega a 80%, permitindo um sono tranqüilo até para quem mora próximo a uma rodovia. Fico imaginando essas placas em nossas rodovias, quanto tempo durariam.

Acesse o vídeo de uma autoestrada a caminho de Roterdã.

Ministro holandês visita Dique Seco em Rio Grande


O Ministro dos Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água da Holanda, Camiel Eurlings, acompanhado de uma comitiva de empresários holandeses e políticos, visitará amanhã, dia 3 de março, as instalações do Estaleiro Rio Grande, onde está sendo construído pela WTorre, um Dique Seco de grande porte que permitirá ao Brasil construir e reparar plataformas de exploração de petróleo.

No encontro, também estarão presentes membros da HME (Holland Marine Equipment), associação empresarial na área de construção naval e offshore com mais de 235 empresas associadas e faturamento conjunto de 3 bilhões de Euros.

O QUE O RS PODE APRENDER COM OS HOLANDESES? Wilen Manteli,Diretor Pres. da Associação Brasileira dos Terminais Portuários

Os holandeses, ao contrário de nós, têm grandes desafios provenientes da natureza, notadamente pela escassez de terras, os fortes ventos e muita água que deve ser controlada para evitar enchentes. Mas, sabiamente, com uso de inteligência, técnica e muito labor, eles transformaram essas contrariedades em potencialidades a seu favor. Produzem energia com a força dos ventos, constroem diques, canais e excelentes portos e assim conseguem um extraordinário desenvolvimento econômico e social.


O segredo disso? Integração, sinergia e prática de governança corporativa, através da qual todos – governo, políticos, empresários e trabalhadores – se mobilizam para empreender as mudanças necessárias e atuam, sempre, com foco no interesse nacional. Pensam e atuam sempre olhando para o futuro e suas tendências, buscando as melhores alternativas de desenvolvimento para a sua sociedade. Lá todos têm consciência de que são, no conjunto, responsáveis pelos resultados finais em qualquer atividade, seja pública ou privada.


Quanto aos portos, a regra é simples: o governo responde pela infra-estrutura, ou seja, os cais de acostagem e a dragagem dos canais, a qual é realizada por empresas de forma constante e permanente. Já a superestrutura é entregue, integralmente, às empresas privadas responsáveis pelos terminais, que atuam com plena liberdade. A atividade é desregulamentada.


A gestão portuária é exercida pela Port Authority (similar ao nosso Conselho de Autoridade Portuária) e por uma diretoria executiva, com ampla autonomia, com cinco membros em cada entidade, sendo na maioria empresários, mantidos pelo mérito e sem nenhuma interferência do governo ou de políticos. Há, assim, continuidade administrativa, sem as perniciosas falhas seqüenciais que sempre ocorrem nas mudanças de governo e flutuações políticas.


Quanto aos trabalhadores, a Holanda dispõe de uma empresa, a STC B.V, que tem como missão formar e treinar trabalhadores para todas as atividades ligadas aos portos e à logística de transporte. Mais importante, a STC, em associação com o governo, possibilita aos jovens ainda no ensino fundamental agregarem matérias integrantes das profissões ligadas à logística que queiram seguir no futuro.

A simplicidade dos procedimentos, a desregulamentação, a profissionalização, o treinamento permanente, a liberdade de investir e empreender, o uso intensivo de tecnologia e a integração de empresários e trabalhadores possibilitam aos seus terminais obterem grande produtividade.


Como exemplo pode-se citar que um dos seus terminais (o Waterland Terminal BV), movimenta 1,2 milhão de t/ano com apenas 35 trabalhadores.
Com efeito, para transformar as nossas hidrovias e portos em efetivos fatores de crescimento e desenvolvimento econômico e social não precisamos reinventar a roda, basta nos ater à experiência da Holanda e adotar uma política que paute:


pela clareza, objetividade, simplicidade,flexibilidade, longo prazo e por marcos regulatórios que dêem segurança aos investidores;

pelo claro e seguro divisor de águas entre a atuação do governo e o da iniciativa privada, outorgando a esta toda a exploração comercial das hidrovias e dos portos, assegurando ao governo a formulação das políticas públicas e a fiscalização das atividades.


pelo respeito e conservação do meio ambiente mediante normas claras e que permitam aos agentes públicos adotarem decisões rápidas para que não emperrem ou afugentem os projetos e investidores, bem como pelo desenvolvimento das cidades portuárias.

No caso do Rio Grande do Sul, poderão ser adotadas, desde logo, as seguintes medidas para impulsionar a exploração plena dos nossos portos e hidrovias, por exemplo, entre outras:


1. No Porto de Rio Grande:
Adotar um novo modelo autônomo para o porto com administradores profissionais, vocacionados para atividades empresariais, avaliados e mantidos pelo mérito e que tenham continuidade para que possam planejar o desenvolvimento do porto e dos negócios portuários por longo prazo, independente da troca de presidente, de governador, de secretários de estado ou de mudanças políticas.

Adoção de práticas de boa governança corporativa com a participação da sociedade e transparência das contas, dos investimentos e dos problemas do porto e da gestão portuária.


2. Nas Hidrovias e Portos Interiores:

Separar a gestão das hidrovias da gestão do porto de Porto Alegre para possibilitar e incentivar uma política de exploração das hidrovias voltada para todos os nossos rios e não só para os canais que levam ao porto da Capital.

Desenvolver uma política industrial com os municípios banhados pelas hidrovias ou próximos a elas para atrair empreendimentos produtivos e de logística, ofertando assim alternativas na logística de transporte.


Obter delegação federal para que o Estado (e não mais Brasília) passe a autorizar e fiscalizar a instalação e ampliação dos terminais portuários, o que se tornará em importante ferramenta de desenvolvimento industrial.
Idem, idem para que a AGERGS passe a regular e fiscalizar os portos e terminais, evitando assim a superposição de órgãos, de burocracia e de custos.
Integrar o porto de Estrela e o sistema de eclusas à delegação estadual, os quais se encontram, atualmente, delegados à Cia. Docas de São Paulo, os ônus resultantes para o Estado dos custos de manutenção dessa infra-estrutura seriam compensados através da reestruturação e racionalização da atual Superintendência dos Portos e Hidrovias.

3. Na Dragagem nos Portos e nas Hidrovias:

À semelhança dos países desenvolvidos, os serviços de dragagem nos portos e nas hidrovias gaúchos devem ser permanentes. Esta prática, não apenas permite melhor conservação do meio ambiente, mas¸ também, oferece maior segurança à navegação e reduz os custos. Recentemente, o governo federal baixou a Medida Provisória n° 393, de 2007, instituindo novo programa de dragagem, passando a mesma a ser por resultados, com prazo de cinco anos, prorrogável por igual tempo, podendo ser contratadas empresas nacionais ou estrangeiras.


Nesse particular, cabe destacar a atuação do Secretário de Infra-Estrutura e Logística, Dr. Daniel Andrade, que convidou os dirigentes e técnicos da maior empresa de dragagem do mundo, a Royal Boskalis Westminster, que virão aqui, no início de dezembro próximo, para realizar estudos e proporem um planejamento de reestruturação das hidrovias e dos portos.

É mais do que oportuna essa importante decisão do Secretário que irá eliminar os gargalos existentes no setor e modernizar as práticas obsoletas que impedem o desenvolvimento das hidrovias e dos portos. Apenas para exemplificar o atraso em nosso Estado: há oito anos as autoridades locais não realizam uma dragagem séria nos, apenas, dois quilômetros do rio Gravataí, onde se localizam em torno de seis terminais, e que envolveria, no máximo, a remoção de 200.000 m³, e isto com recursos das próprias empresas titulares dos terminais.


Enquanto isso, no porto de Roterdã, para superar a limitação de espaço, os holandeses vão aterrar 20 quilômetros quadrados do mar do Norte, tendo sido, para isso, elaborado um programa para minimizar o impacto ambiental mediante a criação de uma reserva natural de marinha...


4. Conclusões:

Como ocorre na Holanda, a nossa sociedade civil precisa se mobilizar para o fortalecimento das instituições, para o estabelecimento de normas, padrões e regras como forma de impedir que tanto o atual governo como os futuros alterem, a seu exclusivo critério, a política de desenvolvimento do porto, a participação da sociedade na discussão dos seus assuntos estratégicos, as instituições estaduais e a forma do Estado se relacionar com o cidadão.

Para isso, não só nos portos, mas em quase todos os outros setores, torna-se indispensável que se adote como modelo institucional a governança corporativa, que se trata de um conjunto de princípios e práticas de gestão capaz de informar e demonstrar à sociedade o funcionamento, as decisões, a situação econômica, financeira e patrimonial das instituições geridas, bem como os problemas, os investimentos e o atendimento das finalidades do porto e/ou do órgão.


Especificamente em relação aos portos torna-se necessário o fortalecimento dos CAPs (Conselhos de Autoridade Portuária), nos quais os principais segmentos da sociedade portuária encontram-se representados, oe que estão a requerer o apoio, o comprometimento e participação de todos, notadamente das entidades empresariais e dos trabalhadores que deverão olhar e decidir sempre com foco no interesse público, no desenvolvimento de nosso Estado, o Rio Grande do Sul.